Juan Domingo Perón nasceu em 1895 e, em 1929 casou-se com Aurelia Tizón. Ela com 21 anos e ele com 34 anos. Nove anos depois, Aurélia faleceu com câncer.
No exército, Perón chegou a coronel e participou do golpe que, em 1942, derrubou o governo. Até então, a Argentina tinha um sistema governamental relativamente estável, com mandatos presidenciais em média de 4 anos.
Em 1944, já como Vice-Presidente da Argentina e Ministro do Trabalho e da Guerra, Perón conheceu María Eva Duarte (Evita). Em 1945, Perón foi preso por militares descontentes com sua política, voltada para a obtenção de benefícios para os trabalhadores. Evita organizou comícios populares que forçaram as autoridades a libertá-lo. Pouco depois se casou com Perón, que se elegeu presidente em 1946. Ela tinha 27 anos e ele 51.
Em julho de 1952, Evita morre de câncer uterino aos 33 anos. Mais de dois milhões de argentinos acotovelam-se para seguir o cortejo do seu funeral. Perón decide embalsamar o corpo de Evita e mantém o seu velório por 3 anos até que, em 1955, é deposto por um novo golpe militar. Perón se exila na Espanha e os militares ficam com o corpo de Evita. Aí teve início uma das mais insólitas peregrinações de um cadáver que se tem notícia.
O Coronel Carlos Eugênio de Moori Koenig recebeu do presidente Pedro Eugênio Aramburu a incumbência de dar um destino ao cadáver de Eva Perón. Moorri guardou o corpo de Evita no porão de sua casa, já que as ameaças de peronistas de o raptar estavam se tornando muito arriscadas para ele. Postergando a decisão do que fazer com o cadáver, Moori Koenig foi acusado de ter-se apaixonado por Eva depois de morta. De fato, suas atitudes foram se tornando cada vez mais estranhas e bizarras, dizem até que ele chegou a violar o corpo de Evita.
Quando o Presidente Aramburu foi informado dos acontecimentos, transferiu a responsabilidade sobre a destinação do corpo de Eva Perón para o coronel Héctor Cabanillas. Mobilizando a Igreja argentina, através do arcebispo de Buenos Aires e do Núncio Apostólico da Argentina em Roma, amparados pela concordância do então Papa Pio XII, decidiu-se enviar secretamente o corpo para ser sepultado na Itália. Assim, o corpo de Evita foi enterrado no cemitério de um convento de freiras em Milão sob o falso nome de Maria Maggi de Magistris, suposta imigrante italiana falecida na Argentina. Feito o enterro, o presidente Aramburu depositou em cartório um documento lacrado informando a operação, o local do sepultamento, as pessoas envolvidas e uma determinação expressa de que ele só poderia ser aberto após a sua morte.
No exílio e sem saber do que foi feito com o corpo de Evita, Perón continuou sua vida. No Panamá, apaixonou-se por María Estela Martínez, conhecida como Isabelita. Casaram-se em 1961, ela com 30 anos e ele com 66. Mudaram-se para a Espanha.
Em 1971, tem início uma campanha para a volta de Perón. O Governo Argentino decide entregar o corpo de Evita a Perón, que finalmente o recebe na Espanha em 1971 (19 anos após a morte dela). Dizem que Perón ficou impressionado com seu quase perfeito estado de conservação, passados quase 20 anos. Ao se aproximar do corpo da esposa teria gritado “que atorrante!”. Perón é anistiado e volta à Argentina. Candita-se à presidência, tendo Isabelita como vice, e tem triunfante vitória em 1973. O corpo de Evita, todavia, permanece na Espanha, no condomínio residencial de Perón “Puerta de Hierro”.
Em 1974, Perón morre aos 79 anos. Isabelita, a vice, assume o poder e manda trazer da Espanha o corpo de Evita. Dizem que o secretário-particular e assessor do casal Perón-Isabelita e depois ministro do governo, Lopez Rega, conhecido como El Brujo, usou o cadáver em cerimônias esotéricas, dizendo poder transferir para a terceira esposa de Perón a alma e os extraordinários dons políticos de Eva Perón. Isabeltita mandou embalsamar o marido e manteve os corpos de Perón e Evita expostos ao público.
Todavia, em 1976, novo golpe militar derruba Isabelita que é presa. Novamente os militares se vêem com cadáveres emblemáticos em suas mãos, só que dessa vez dois e não apenas um. Mas, decidem entregar os corpos às respectivas famílias. Evita, finalmente, é sepultada no mausoléu da família Duarte no cemitério da Recoleta, 24 anos após sua morte, onde permanece até hoje.
Isabelita foi libertada pelos militares em 1981 e se radicou em Puerta de Hierro, Madrid, onde vive, em auto-exílio, até hoje. Está com 78 anos.
Em 1983, Raúl Alfonsín assume a presidência da Argentina que finalmente retoma sua estabilidade política. De 1942 a 1983 foram 26 presidências.