O Império que não terminou

Todo professor deve mostrar aos seus alunos as várias facetas de um mesmo fato. Nietzsche dizia que “o fato” não existe, o que existe é “a versão”. Afinal, uma história pode ser contada de várias formas.

Vejamos, então, essa história: “O Império Romano terminou no ano de 476 dC, quando Roma foi atacada e invadida pelos bárbaros”.

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Não é raro encontrar quem tenha essa imagem na cabeça: o Império colapsando com a invasão de Roma e o saque dos bárbaros. Mas, na realidade, não foi bem assim, basicamente por três motivos.

Em primeiro lugar, porque o Império Romano não terminou em 476. Houve, de fato, um evento importante nesse ano, que marca a temporária perda das províncias ocidentais do Império, mas em boa parte ele permaneceu intacto. Com sua capital em Constantinopla, o Império sobreviveu ainda quase mil anos, até 1453, quando a cidade capitulou diante do jovem Sultão Mehmed II (tinha 21 anos nessa data), líder dos turcos otomanos.

Em segundo lugar, porque em 476 a capital ocidental do Império Romano não era Roma, e sim Ravena. Foi em Ravena que houve a invasão pelo bárbaro Odoarco, não houve nenhuma invasão de Roma naquele ano. Na verdade, Roma havia sido invadida anteriormente pelos visigodos e vândalos ao menos três vezes (em 410, em 455 e 472), o que denota a queda de prestígio que vinha sofrendo, desde que deixou de ser a capital do Império em 286, quando Diocleciano a mudou para Milão. Em 330 a capital mudou para Constantinopla, voltando posteriormente a Milão. Depois, em 402, quando Milão foi também invadida pelos visigodos, a capital mudou novamente, agora para Ravena.

Terceiro, a invasão do Império Romano pelos bárbaros não foi um evento pontual. Foi algo que foi ocorrendo aos poucos, o termo mais apropriado seria “migração” e não “invasão”. Além disso, o termo “bárbaro” é muito genérico e engloba inúmeras tribos distintas, como germanos, celtas e hunos. Tais tribos, por sua vez, não compunham uma unidade, havia profundas diferenças entre elas e, consequentemente, batalhas e guerras. Os hunos, por exemplo, sempre foram considerados uma profunda ameaça para os germanos. Átila, o Huno (406-453), fazia tremer não apenas os romanos, mas também os germanos. Assim, os romanos chegaram a “contratar” os germanos para conter o avanço dos hunos em direção ao Império.

No início, os germanos foram pagos com dinheiro, mas com o tempo passaram a exigir os mesmos privilégios dos cidadãos romanos. Esse é um ponto de extrema importância. Os ditos “bárbaros” não queriam invadir o Império e destruir sua cultura. Ao contrário, queriam absorver suas tradições e até sua religião. Então assim, lentamente, o Império Romano se “barbarizou” por dentro, enquanto os bárbaros se “romanizavam”. As citadas invasões de Roma, Milão e Ravena foram apenas momentos simbólicos de um fenômeno maior, em que houve um profundo processo de aculturação das tribos bárbaras.

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Um breve resumo da história de Roma

Para melhor contextualizar os fatos que ocorreram por conta do fim do Império Romano do Ocidente, vamos resumir rapidamente os principais momentos da história de Roma e do Império Romano, compreendidos em um período de aproximadamente 2200 anos, dividido nas seguintes etapas:

1. Monarquia (753aC a 509aC): Fundação de Roma, por, segundo a lenda, Rômulo e Remo. Nessa fase, Roma era uma monarquia, sendo dirigida por reis, tendo sido Tarquínio, o Soberbo (534aC-509ac) o último.

2. República (509aC a 27aC): Época em que a nação Romana não tinha um monarca, ditador ou déspota. Era dirigida por um Senado. Foi um formato absolutamente inovador para sua época, tendo durado quase 500 anos. Terminou com uma guerra civil que culminou com a tomada do poder por Júlio César.

3. Império (27aC a 1453): César não foi imperador, nunca teve esse título. Mas, após sua morte, em 44aC, depois de um curto período de instabilidade, assumiu o poder Otávio Augusto, o primeiro imperador romano. Durante todos esses séculos, o Império Romano teve as seguintes sub-etapas:

3a. Principado (27aC a 293). Otávio Augusto foi imperador por 43 anos, de 27aC a 14. Foi a época em que Cristo nasceu. O sucessor de Augusto foi Tibério, que governou por 23 anos (de 14 a 37). Foi a época em que Cristo morreu e, consequentemente, marcou o nascimento do Cristianismo. Após Tibério, durante cerca de 250 anos, houve uma série de imperadores, tais como Calígula, Nero, Trajano, Adriano e Marco Aurélio. Durante o Principado, alguns resquícios da época da República, como o Senado, ainda mantinham certo prestígio.

3b. Domínio (293dC a 480dC). O Domínio, ao contrário do Principado, caracteriza-se pela ostentação do poder pelos imperadores, modelo que viria a ser a tônica na Idade Média que se iniciaria no Século V. O período do Domínio é um momento particularmente importante, é durante ele que ocorre a “Queda do Império Romano”, a qual, como mostramos, na verdade não ocorreu. Esse período, assim, será detalhado um pouco mais a seguir.

3c. Império Romano do Oriente (306 a 1453). Alguns historiadores consideram que o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, como viria a ser chamado na Idade Média, iniciou com a coroação de Constantino I (272-337), no ano de 306. Notar, assim, que há certa sobreposição desse período com o Dominato. Assim essa imbricação será detalhada a seguir, junto com a descrição do Dominato.

Um destaque desse período é a construção em Constantinopla da magnífica Basílica de Santa Sofia, em 537, pelo imperador Justiniano I, que governou por 38 anos, de 527 a 565. O que marca o período de Justiniano é a tentativa de retomar dos bárbaros as províncias ocidentais do Império Romano, para restabelecer a unidade do mesmo. Justiniano chegou inclusive a retomar a cidade de Roma, no ano de 536.

Com Justiniano, tudo sinalizava que o Império Romano voltaria a ter uma unidade em torno do Mediterrâneo. Todavia, um novo fato dessa época mudou o rumo da história e impediu a reunificação romana: o surgimento e a expansão do Islamismo, após a morte do profeta Maomé (570-632), na cidade de Medina (localizada na atual Arábia Saudita).

O Império Bizantino terminou em 1453, com a tomada de Constantinopla pelos otomanos. O sultão Mehmed II (1432-1481), que liderou a invasão, mostrou todavia ser clemente e aberto. Permitiu a prática do Cristianismo e de outras religiões e não destruiu a Basílica de Santa Sofia. Anos mais tarde, porém, para demonstrar o poder do Islã, o sultão Ahmed I (1590-1617) ordenou que fosse construída à sua frente uma majestosa mesquita, a Mesquita Azul, construída em 1616.

Atualmente, em Istambul, pode-se visitar essas soberbas construções, que, postadas frente a frente, parecem simbolizar esse conflito milenar. Há apenas uma pequena rua ajardinada que separa a Basílica de Santa Sofia e a Mesquita Azul, na qual, ao se percorrê-la, é possível sentir a energia e a força de suas opulências.

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O “fim” do Império Romano

O final do Século III marca o deslocamento do eixo do poder do Império Romano em direção ao Oriente. O principal agente dessa mudança foi o imperador Diocleciano, que chegou ao poder no ano de 284, aos 40 anos de idade. Nascido na Dioclécia (daí seu nome), implementou um sistema de governo chamado “Tetarquia”. Através dele, o Império Romano foi dividido em 4 partes, cada qual com seu próprio imperador (Diocleciano, Galério, Maximiano e Constâncio Cloro).

Com isso, a parte ocidental do Império teve sua capital mudada de Roma para Milão, em 286. Mas Diocleciano optou pela parte oriental e foi morar em Nicomédia (atual Izmit, na Turquia), cidade bem próxima à Bizâncio, que viria a ser Constantinopla alguns anos depois.

Diocleciano foi imperador por 21 anos, mas no ano de 305, quando tinha 61 anos de idade, decidiu se aposentar. Foi o único imperador romano que se tem notícia que tenha se aposentado. E, para desfrutar de sua aposentadoria, mandou construir para si um majestoso palácio à beira-mar, em um pequeno vilarejo na Dalmácia, região à qual pertence sua cidade natal.

Atualmente, as reminiscências desse palácio se encontram no coração da cidade de Split, na Croácia. Dentro de suas muralhas, vivem hoje mais de 3 mil pessoas em casas que foram sendo construídas na Idade Média, as quais asseguram ao turista uma inesquecível viagem no tempo ao percorrer suas ruelas e becos, repletos de ótimos restaurantes, pequenos hotéis e lojas de todos os tipos.

Ruela do Palácio de Diocleciano, em Split, Croácia (2012)

 

Diocleciano morreu 6 anos depois de se aposentar, em 311, aos 67 anos de idade. Foi sucedido por Constantino I, que se tornou imperador em 306, aos 34 anos de idade, após guerrear contra os outros imperadores da Tetrarquia, eliminando-a e reunificando o poder. No início, Constantino I dirigiu o Império a partir de Milão (capital desde 286). Foi de lá que Constantino I expediu, em 313, o famoso “Édito de Milão”, que tirou o Cristianismo da clandestinidade.

Mas Constantino I também tinha suas origens no Oriente. Nascido em Naissus (atualmente Nis, na Sérvia), Constantino mudou a capital do Império para a cidade de Bizâncio em 325. Quando Constantino morreu, em 337, aos 65 anos de idade, 31 como imperador, a cidade passou a se chamar Constantinopla. Ele é considerado o primeiro imperador bizantino.

Com a morte de Constantino, o Império Romano voltou a se dividir. A parte oriental floresceu, mas a parte ocidental entrou numa fase de grande instabilidade política. Depois de Teodósio (imperador de 379 a 395) e Honório (imperador de 395 a 423) nenhum imperador conseguiu se manter no trono por mais de 5 anos. Vários sequer completaram um ano. Além disso, muitas das províncias ocidentais, incluindo a Itália, já estavam sob controle de bárbaros de diversos tipos. O próprio exército romano era composto por bárbaros em sua maioria.

No lado Oriental do Império, todavia, a situação era diferente. Os imperadores tinha de fato o poder, tal como Leão I, imperador bizantino de 457 a 474. Então, Leão I, usando sua força militar e diplomática, manipulou o tabuleiro político da época para que chegasse ao poder no Império do Ocidente, o marido de sua sobrinha, chamado Júlio Nepos.

Assim, Júlio Nepos se tornou imperador romano no ano de 474, aos 44 anos de idade. Apesar de Nepos ter alguma experiência política (tinha sido governador da Dalmácia), ele cometeu alguns erros graves. O pior deles foi nomear Flávio Orestes como chefe máximo do exército romano. De origem germânica, Orestes organizou um golpe para depor Nepos, colocando seu filho como o novo imperador.

Enquanto Nepos fugia para a Dalmácia, assumia o trono do Império do Ocidente, em 475, o filho de Orestes, um rapaz com menos de 18 anos chamado Rômulo Augusto (uma analogia ao primeiro da monarquia romana – Rômulo – e a o primeiro do império romano – Augusto). Como era muito jovem e inexperiente, a história veio a chamá-lo depois de Augústulo (algo como “Augustinho”).

Mas o jovem não governou por muito tempo. No ano seguinte, em 476, a região foi atacada pela tribo dos hérulos, liderada por Odoarco (434-493), que matou Orestes e invadiu Ravena. É exatamente esse episódio que é considerado como o final do Império Romano e o início da Idade Média.

Entretanto, Rômulo Augústulo, uma vez deposto, foi poupado por Odoarco, dizem que por sua “beleza e juventude”. Recebeu, inclusive, uma pensão do bárbaro, para continuar a viver no seu exílio na Campânia (atualmente, região da Itália cuja capital é Nápoles).

Odoarco, por sua vez, se auto intitulou como “rei da Itália” (não imperador de Roma!) e pleiteou junto ao Imperador Bizantino da época (Zenão I, que havia sucedido Leão II), o título de “patrício romano”. O fato ilustra como os ditos “bárbaros” queriam, na verdade, se romanizar. O Imperador Zenão, todavia, disse que Odoarco precisaria reconhecer, como Imperador do Ocidente, o Júlio Nepos, que continuava vivo, em Salona, na capital da Dalmácea, pois seria ele a lhe outorgar a cidadania romana.

Odoarco concordou com os termos e chegou a cunhar moedas com o busto de Nepos (esse é o motivo pelo qual alguns historiadores consideram Júlio Nepos, e não Rômulo Augusto, como o último imperador romano do Ocidentes).

Durante quatro anos, Júlio Nepos seguiu como “Imperador” em Salona. Mas, acredita-se que tenha tramado contra Odoarco, para retomar o poder em Ravena. Acabou sendo envenenado em 480 e Salona foi invadida Odoarco, que anexou a Dalmácia ao seu reino.

As ruínas de Salona, destruída no século VII pelos eslavos (cujos descentes deram origem ao atual povo croata), ainda podem ser visitadas, ficam a poucos quilômetros de Split, na Croácia.

Ruínas da cidade de Salona, na Croácia (2012)

 

Com isso, Odoarco se tornou o primeiro dos chamados “reis bárbaros de Roma”. A parte ocidental não teve mais imperadores, mas o Império Romano seguiu adiante, firme por mais de mil anos.

 

 

23 respostas para “O Império que não terminou”

  1. Muitissimo interessante, adorei sua revisão histórica, e o que percebo é que, desde seu inicio, a cultura romana se manteve por todos os períodos, com algumas alterações, diferentes classificações geopoliticas, mas se manteve, até com bárbaros romanizados… e hoje vivemos sua herança (idioma, arquitetura, urbanismo, ordem militar, etc). De uma certa forma, me atrevo a dizer que o Império Romano nunca acabou, e até hoje está presente em quase tudo o que fazemos. Abraço Prof Mauricio !!!

    1. Marco, concordo totalmente. Nós ainda “vivemos” o Império Romano. Nossa religião ainda é a mesma. Nosso idioma é um tipo de latim. Nossas leis são romanas. Agradeço o post.

  2. Gostei muito da leitura, professor. É como se estivéssemos dentro da história aqui contada. Abraços.

  3. Esses comentarios historicos muito preciosos para mim.Me fez conhecer mais da historia do imperio romano.

  4. O autor perdeu a oportunidade de fazer um grande artigo. Ficou divagando sobre a sucessão de poder no império, mas deixou de lado a questão do seu término.

    Afinal, o império romano acabou, ou ainda vivemos culturalmente em Roma?

    1. Bom ponto, Ricardo. Talvez tenha faltado mesmo uma conclusão. Pessoalmente, considero que o Império Romano não terminou. Conforme comentado em um post acima, guardadas as devidas proporções, temos a mesma língua, a mesma religião, as mesmas leis, a mesma arte, a mesma estética, o mesmo contrato social, etc.

  5. Caro Maurício, depois de mais de dois anos que você postou esse rico comentário sobre o império romano gostaria de lhe fazer a seguinte pergunta:
    Apesar de existir uma vasta literatura sobre o império romano, se lhe solicitasse a informação do livro mais completo sobre o império romano, qual você me indicaria?

    1. Pedro, o Império Romano durou 1200 anos. É muito difícil falar de um “livro bom”, que englobe todo esse período. Acho que vale mais a pena ler textos que exploram determinados períodos dessa história. Nesse sentido, eu lhe recomendaria “Memórias de Adriano”, de Marguerite Yourcenar, publicado no Brasil pela Saraiva.

      1. Caro Mauricio, muito obrigado pela sua atenção e também pela sua informação. Vou procurar adquirir o livro informado. Outrossim, você sabe me informar se existiu realmente 10 tribos de bárbaros que aderiram ao império das quais três delas depois se revoltaram? 1-Germanos, 2-Francos, 3- Burgundos, 4- Suevos, 5- Anglo-saxões, 6- Lombardos, 7-Visigodos, 8- Os Hérulos, 9- Os Vândalos, 10- Ostrogodos. Essa história procede?

        1. As chamadas tribos germânicas eram inúmeras, muito mais do que 10. Na Wikipedia vc pode achar uma lista com centenas:
          http://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_povos_germ%C3%A2nicos

          O número “10”, porém, surgiu de uma passagem bíblica, do livro de Daniel (7:7) que dizia:

          “Depois disto, continuei olhando nas visões da noite e eis aqui o quarto animal, terrível, espantoso … e tinha dez chifres.”

          Os dez chifres vieram a simbolizar dez tribos germânicas (as que você listou) que se espalharam pela Europa Ocidental e, de certo modo, deram origem aos países atuais.

          Veja alguns extratos que encontrei:

          “Na visão deste animal, Daniel faz menção especial aos 10 chifres (10 dedos dos pés da estátua), que na história representam as 10 nações que originaram a Europa: Anglos (Inglaterra) – Burgundos (Suíça) – Francos (França) – Germanos (Alemanha) – Hérulos (Sul da Itália) – Lombardos (Norte da Itália) – Ostrogodos (Áustria) – Suevos (Portugal) – Vândalos (Sul da Espanha) – Visigodos (Norte da Espanha).”
          http://www.adventistas.org/pt/espiritodeprofecia/4-bestas-de-daniel-capitulo-7/

          “And behold a fourth beast, . . . and it had ten horns.” Daniel 7:7.
          The first ten are the ones generally considered to be the ten referred to in the prophecy.
          http://www.benabraham.com/html/the_10_horns.html

  6. O cristianismo alavancou a queda do Império romano, e enriqueceu o Vaticano?

    Se “Toda nação cujo Deus é o Senhor, é bem aventurada”, por que a pagã Roma foi o maior império do mundo, mas ao aceitar o cristianismo se transformou num País medíocre?

    Como o bando é um reflexo do seu líder; embora os romanos tenham consegui acabar com as guerras judaicas ao incentivar que fosse fabricado um “Deus” tão submisso, “mosca-morta”, e sem vontade própria, que teria se deixado pregar na Cruz; dava a outra face para ser esbofeteada, mandava amar os inimigos, incentivava pagar Impostos a Roma, “Dando a César o que é de César”, e que teria “nascido” no dia 25 de dezembro…
    Até porque o Zodíaco havia mudado da Era de Carneiro para a Era de Peixe; os judeus aguardavam a chegada do “Novo Messias”; e o Deus Jeová nada fizera para impedir que o Templo de Jerusalém fosse destruído, e que milhões de judeus fossem massacrados ou escravizados.

    Mas “O TIRO SAIU PELA CULATRA”, pois a agressividade que inibia os adversários, ajudava os romanos liderarem; e que fazia os jovens almejarem riquesas e glorias militares, foi trocada pela ilusão das recompensas que viriam depois da morte, e a tarefa de se dedicar aos cultos de adoração ao novo Deus.
    Aproveitando que a divisão do Império romano entre Ocidente e Oriente realizado por Diocleciano deixou o Ocidente com as províncias mais pobres; a Igreja se alastrou, se fortaleceu, se apoderou dos recursos existentes, e foi fabricando versões que justificariam os causos relatados pelo “Novo Testamento”

    Após a Era do Carneiro, o “DEUS DOS SOFRIDOS” (proposto por Spartacus) infectou a mente dos fanáticos de tal forma que enfraqueceu o patriotismo romano; fez à população duvidar da divindade do Imperador; acelerou o declínio do gigantesco Império Romano, e fez a Europa mergulhar na idade das trevas…
    Sempre que o Prazo de Validade de algum “Deus” termina ele é substituído por outro; como já aconteceu com os Deuses antropomórficos, vingativos, ou corruptos, capaz de arrepender-se do que fez, de ofender-se, de irar-se, e até de vingar-se das suas próprias criaturas, castigando-as com o sofrimento eterno.
    A última coisa de que precisamos são os sádicos e obsoletos Deuses dos RECITADORES DE TEXTOS BÍBLICOS; até porque, os Deuses cultuados pelos fundamentalistas são tão frágeis que podem ser mortos com baforadas de ciência, uma dose de senso comum, ou simplesmente deixando-os no esquecimento.

    Estamos vivendo no Admirável Mundo Novo onde tanto os cientistas como os pensadores possibilitaram que a humanidade viva numa bolha cheia de confortos, repleta de tecnologias, com inúmeros tipos de transportes, onde se pode aprender com o simples esforço de ler, se valoriza a higiene, se viva bem mais, todos sejam iguais perante a Lei, e se tenha uma liberdade nunca antes conquistada…

    Todavia como no Calendário Cósmico, e para a Natureza 2 mil anos é um tempo insignificante (principalmente quando não acontece algum isolamento, ou alguma pressão de seleção); no quesito religião, a maioria dos indivíduos medíocres, iludidos, ou fundamentalistas ainda continuariam acorrentados a atrasada época, onde se misturava à realidade com lendas religio$as.

    E já que a mente da maioria ainda não estaria preparada para lidar com a dura realidade da vida; tantos os religiosos cascudos, como os iludidos, e os fundamentalistas, por desconhecerem os mecanismos da Natureza, temer a morte, se agarrarem nas crendices que lhe foram contadas; ou ser incapaz de conviver com a realidade, acreditam nas jurássicas ficções religio$as.
    Pois religiosamente falando, os cristãos atuais ainda seriaram os mesmos iludidos que no passado veneravam relíquias, e eram proibidos de questionar os dogmas da sua religião…
    Até porque, os RECITADORES DE TEXTOS BÍBLICOS em vez de pensar por si mesmo, ou tentar compreender o lado ruim da vida, apenas decoram os textos religiosos, e responsabilizam o Diabo por tudo que não se adequada ao que eles magicamente prefeririam que fosse real…

  7. Olá Maurício, muito bom seu texto. Temos muito pensamento em comum. Também falo que Roma determina a vida ocidental até hj. Para mim o Império Romano se atualizou, fazendo um “upgrade” e se adaptando aos novos tempos. Pode se fazer até um paralelo à Teoria da Evolução de Darwin.
    Como posso trocar ideias com vc? Email, redes sociais, whatsapp?
    Abraços

    1. Olá Ivani Medina
      Vi seu comentário num site de história, e também acessei seu blog (cafehistoria.ning.com) e li um pouco do longo texto sobre o cristianismo e a história de Cristo, que, conforme o texto sugere, não há prova alguma da existência de Cristo fora do Novo Testamento.
      E, achei um pouco ou muito estranho essa colocação.
      Pra começar, o Novo Testamento não é um volume escrito por uma pessoa! (primeiro ponto).
      Segundo ponto: o Novo Testamento recebe esse título (ou conceito) tardiamente e pelos próprios que o liam.
      Terceiro ponto: o Novo Testamento é composto por 27 livros que foram escritos por mais ou menos oito autores diferentes (que na verdade, são historiadores) dando testemunho da história de Cristo – e não só isso, pois o livro de Atos dos Apóstolos também é a história de determinadas pessoas que se encontraram com Cristo e fizeram parte na sua história, e que também a levaram consigo repassando-a a outras pessoas e a outros povos.
      Quarto ponto: os manuscritos do Novo Testamento se espalharam pelo império romano de ponta a ponta, e ainda hoje existem papiros e códices (que pode ser considerado como a origem do livro, pois eram folhas sobrepostas uma sobre a outra, e costuradas na borda) datados desde o século IV em diante, só na língua grega somam-se ± 5600 manuscritos.
      Sem contra outras dezenas de milhares em diversas línguas datados a partir do II século d.C.
      Quinto ponto: Se no próprio texto do blog, aquele que o escreve considera a Cristo e o Novo Testamento uma ficção; dizendo ainda que:
      “Evitei consumir o meu tempo com essa ficção, por saber que estaria confinado ao limite ficcional”
      Ora, se esse escritora do blog, considera o Novo Testamento uma ficção, e desacredita-o, por que quer exigir da história secular (e dos seus historiadores) alguma consideração para com o cristianismo e Cristo, se os tais sempre tiveram e têm a mesma impressão que a sua ???
      No Novo Testamento está escrito que muitos não criam em Jesus, até mesmo muitos que presenciaram seus milagres.
      Sexto Ponto: Eu (cristão) não ligo a mínima para os escritos orientais, tais como Krisna, e sobre o hinduismo, e verdadeiramente creio que são apenas lendas. Porque eu haveria de escrever alguma coisa sobre eles? não os creio nem um pouco nem dou a mínima para eles?
      Sétimo ponto: a pessoa que escreve longo texto do blog se mostra parcial demasiadamente, porquanto os textos do Novo Testamento são também parte da história – aliás, tudo o que foi escrito sobre a história ocorrida a dois mil anos, e como tal, por pessoas da época – quer nós queiramos quer não, é parte da história, ainda que nós mesmos não a aceitamos.
      E por ironia, hoje estamos contando os nossos dias baseados no personagem do qual toda esta história permeia, isto é, Jesus Cristo.
      Um forte abraço!
      Jefté

  8. O Sutão Maomé II foi tolerante com os cristãos? vejamos: a Basílica de Sta Sofia de
    fato não foi destruída,mas os fiéis foram obrigados a se retirarem dela senão morreria
    m, as pinturas cristãs foram apagadas e a Basílica transformada em MESQUITA.

    Somente muitos anos depois o governo a transformou em MUSEU.Mas os muçulma
    nos não se conformaram e fizeram uma MESQUITA ao lado dela.

    E Maomé II ia cumprir a promessa do que estava e (está) escrito no Corão,a invasão
    a Roma,pois lá estava a sede da Igreja,(no Vaticano) mas ele morreu de câncer e não conseguiu invadir.

  9. Olá estou com muita dúvida poderia ajudar-me? Após a divisão feita por Teodósio, ficou Roma Ocidental para Honório (seria então Imperador Romulo Augusto) e Roma Oriental para Arcádio (seria então Justiniano)??

    Porque eu leio essa divisão com os nomes Honório e Arcádio.
    Mas depois só falam nesses imperadores…..e não estou entendendo.

    Por favor me ajude!
    Obrigada.

  10. Professor,há uma ligação das invasões bárbaras com a queda da natalidade em Roma,e a imigração atual na Europa?

  11. Muito bom o texto,mas discordo que vivemos no império romano ainda, mas sim no império germânico,pois a cultura e língua dominante no mundo é o inglês,e os ingleses são um povo de origem das tribos bárbaras do Norte da Europa. Como no passado o império romano adotou a cultura grega ,os germânicos fizeram o mesmo.

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