Carreiras divididas

Essa cena é bem provável que tenha acontecido. O ano é 1806, estamos na cidade de Saalfeld, Alemanha. Diante de 12 mil franceses comandados por Jean Lannes, o Duque de Montebello, um dos mais talentosos generais de Napoleão, o jovem príncipe prussiano tamborilava os dedos em seu mosquete. Sabia que teria uma batalha dura pela frente, suas tropas também estavam ansiosas. Mas sua cabeça estava em outro lugar. Não ouvia canhões e tiros, ouvia música. Ouvia a música que tamborilava em seu piano imaginário. Lembrava-se do dia em que, aos 17 anos de idade, conheceu Mozart. Lembrava-se da homenagem que recebeu de Beethoven, que lhe dedicou o Concerto para Piano n.3 em dó menor, três anos antes. Sabia que tinha uma enorme obrigação com seus soldados, defendia seu País e tinha orgulho dessa responsabilidade. Mas também se orgulhava de suas composições musicais, que tanto impressionaram a Corte de sua época.

De fato, Friedrich Ludwig Christian, mais conhecido como Louis Ferdinand, príncipe da Prússia, foi um músico talentoso e um militar notável. Dedicou-se com igual intensidade a ambas carreiras e foi reconhecido por seu empenho. Morreu na Batalha de Saalfeld, aos 34 anos, lutando por seu País e sonhando com sua música.

Qual foi o professor que não se deparou com duas carreiras a seguir? Qual foi o professor que não ouviu de seu aluno “Professor, o senhor trabalha também ou só dá aula?” ? Para alguns, é simples conciliar o magistério com outra atividade, para outros nem tanto. Mas, sem dúvida, todos têm algo em comum: adoram ser professor. A paixão pelo que se faz é uma das fontes mais abundantes de motivação, que nos fazem seguir adiante.

Esse texto, assim, é uma homenagem a todos aqueles que amam ser professor, mesmo que tenham sua vida dividida com outras atividades.

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